Harper Montogomery vive em Dois Rios, Vermont, e comemora o aniversário da sua filha no mesmo dia em que lamenta a morte da sua esposa, a mulher de sua vida. Um homem melancólico, solitário.

Essa contextualização é necessária para que possamos entender como a vida dele chegou a esse tempo, porque ele se tornou o que se tornou e como todos em sua volta estão nesse ponto.
T. Greenwood traz uma narrativa um pouco cansativa. Com 448 páginas, há um certo exagero. Umas cem páginas a menos já ajudariam a deixar o texto mais fluido.
O personagem principal é uma mistura de raiva, melancolia, ódio, culpa.... Mas sua passividade o acompanha desde a juventude. Demora a tomar decisões, permite que decidam sua vida, enfim, não toma as rédeas da situação. Claro que há momentos (muitos) em que se percebe que sua situação é tão desesperadora que não há outra coisa a se fazer do que seguir o que aparece.
Para completar a situação caótica, um acidente de trem de grandes proporções acontece na cidade. Dentre os sobreviventes, há uma adolescente negra e grávida que procura por Harper. Registrei o “negra”, pois mesmo na década de 80 era raríssimo ter um não branco em Dois Rios. O surgimento dessa menina mudará radicalmente e por definitivo a vida de Harper e sua filha Shelly.
Apesar de minhas ressalvas, não posso deixar de mencionar que o livro nos faz pensar sobre como preconceitos, medos, dúvidas e imposições nos impede de agir e quando vamos contra padrões enraizados, podemos enfrentar graves consequências. Mas isso não pode nos limitar a seguir em diante.
Testado por Rafaela
Recebemos esse livro da Novo Conceito através da parceria com o blog Entre Livros.